Já lá vão 16 anos desde que César Peixoto, atual técnico do P. Ferreira – que às 19 horas desta segunda-feira joga, no Portimão Estádio, diante do Portimonense, no penúltimo jogo da 19.ªjornada da Liga – jogou no Espanhol de Barcelona, emprestado então pelo FC Porto (2006/07), mas no país vizinho e na Catalunha, o prestígio do antigo lateral-esquerdo e agora técnico, natural de Guimarães, e com 42 anos, está tão intacto que a recuperação que os castores encetaram na classificação não passou despercebida e já despertou atenção ibérica.
«Encantava-me, um dia treinar em Espanha, na La Liga, sim», confessou César Peixoto, em entrevista publicada esta segunda-feira no diário desportivo madrileno As, onde, entre outras revelações aos amantes do desporto-rei do país vizinho, elege Pep Guardiola (Man. City) e o ex-selecionador Luis Enrique como as grandes referências de técnicos, e explica porque voltou ao comando técnico da equipa da ‘capital do móvel’ – que em 2021/22 manteve a Liga após um campeonato de aflitos, terminando no 11.º lugar da classificação - após um mês e sete jogos em que José Mota o rendeu, sem uma vitória (cinco derrotas e dois empates) esta temporada.
«Voltei porque acredito na equipa e porque acredito que vamos conseguir a manutenção. O mais importante é termos consistência e disputar cada encontro como se fosse uma final. A margem de erro é mínima, mas trato de mostrar à equipa o caminho adequado», disse César Peixoto a ‘nuestros hermanos’, aos quais não passou despercebido ter sido eleito Treinador do Mês em janeiro, após conseguir duas vitórias, um empate e duas derrotas (ante Benfica e SC Braga) nesse mês, no regresso ao banco dos castores, e da recuperação pontual do P. Ferreira na tabela classificativa, já com mais sete pontos. O seu sucesso, para já, é notícia em Espanha.
«Como principal líder da equipa, sei que há maior pressão sobre mim, mas quem não estiver preparado para lidar com ela, no mundo do futebol, é melhor ficar em casa», afirma César Peixoto, que revela a matriz e filosofia que subscreve enquanto técnico.
«Sou um técnico ofensivo e atrevido, independentemente do rival, e que irá, sempre, tentar dominar os jogos. Como técnicos, admito Pep Guardiola e Luis Enrique: ambos priorizam a posse de bola, o aproveitamento dos espaços e gerem os momentos dos jogos e estes como ninguém», disse.
Mas César Peixoto não esquece o atual técnico da Roma, que o levou a ganhar a Champions em 2004, então como jogador do FC Porto: José Mourinho. «Foi uma época bonita, com títulos e grandes memórias. José é um inovador, que marcou uma era no futebol, tanto eu como muitos outros aprendemos muito em Mourinho», reconhece César Peixoto ao As.
Da experiência no Espanhol de Barcelona em 2006/07 (e na La Liga), as sucessivas lesões que lhe travaram, há 13 anos, a afirmação nos relvados do país vizinho não estão esquecidas pelo atual treinador do P. Ferreira.
«Foi muito frustrante. Cheguei a Espanha com 25 anos, encantado e com muita ilusão, mas o joelho obrigou-me a ficar muito tempo fora dos relvados. Alguns médicos chegaram a dizer-me que a minha carreira [como jogador] estava acabada. A etapa da minha carreira no Espanhol de Barcelona acabou por correr muito mal e ser muito difícil para mim, mas recordo-a com nostalgia, apesar das dificuldades», admitiu um nostálgico César Peixoto, que está pronto a voltar a Espanha, mas agora como treinador.
«Encantava-me treinar na La Liga! Vejo muito futebol espanhol, e a forma das equipas jogarem atrai-me muito. É um dos melhores campeonatos do Mundo: quem não gostaria de treinar, um dia, em Espanha?», questionou, à despedida, o técnico dos castores.