A Inglaterra sofreu este sábado a mais pesada derrota em Twickenham e a acumulou a maior humilhação na história dos 140 anos do Torneio das Seis Nações. E nunca, até então, a seleção inglesa concedeu tantos pontos num test match caseiro.
A culpada foi a França, campeã em título, ao vencer por históricos 10-53 na catedral do râguebi mundial. Em Twickenham, a seleção da Rosa foi literalmente atropelada pelo TGV francês. Sete ensaios de Thibault Flament, Charles Ollivon e Damien Penaud e 23 pontos de Thomas Ramos deram a primeira vitória francesa em solo inglês desde 2005 e contribuíram para os números mais expressivos, no resultado e na margem, inclinados para o lado gaulês, em 110 jogos entre as duas seleções.
Ao intervalo, os franceses garantiam uma vantagem de 24 pontos (3-27). Antes, só em três ocasiões a Rosa sentiu essa desvantagem em toda a sua história, e todas com seleções do Hemisfério Sul. A título de exemplo, no ano de 2006, os ingleses foram atrás do prejuízo (28-5) frente à Nova Zelândia, vindo a perder por 41-20.
A derrota caseira na penúltima jornada das Seis Nações afasta, de vez, as pretensões inglesas na conquista do troféu, mas, acima de tudo, entra para a galeria dos horrores da memória coletiva inglesa e apaga o, até agora, pior dia vivido pela Inglaterra, em Twickenham, derrota por 42-6 frente à África do Sul, em 2008. O registo recorde permanece nos humilhantes 76-0 impostos pela Austrália, em 1988. No meio, a derrota (58-10), em Bloemfontein, no tour à África do Sul, em 2007, nas vésperas do Mundial desse ano, disputado em França.
Steve Borthwick, treinador inglês, admitiu: «Ninguém tem ilusões sobre o que temos de fazer, somos francos sobre isso e isso mostra exatamente a dura realidade. Ficamos consideravelmente aquém do número 2 do mundo e essa é a realidade», disse antes do último jogo em competições antes do Mundial França 2023.
Do outro lado da barricada, Fabien Galthié, não poupou nas palavras dirigidas ao adversário e aos XV que comanda. «Os jogadores queriam fazer um grande jogo contra a Inglaterra. É difícil para eles. Ao saber o lugar que o râguebi ocupa neste país, os nossos pensamentos estão com a seleção da Inglaterra, a viver um momento difícil», frisou sem esquecer de falar para dentro. «Os jogadores, a equipa, a federação francesa de râguebi, todas as pessoas que nos ajudaram a estar aqui. Os meus pensamentos estão com eles», finalizou após a vitória com ponto de bónus que atira as contas da conquista das Seis Nações para a última jornada. A França recebe o País de Gales e a líder Irlanda será anfitriã diante a Inglaterra.